ॐ Ayurveda


Os Sábios subiram aos céus e dirigindo-se a Dhanvantari, o médico dos deuses e dos seres celestiais, rogaram-lhe:



"Ó Senhor! A partir do corpo e da mente surgem vários tipos de males. Lamentamos que os homens, sempre que acometidos por doenças ou calamidades, ajam como tontos. Ficam imobilizados e gritam desesperados. Queremos aprender convosco os princípios do Ayurveda, curar os males daqueles que só buscam o prazer e, pelo bem da Criação, proteger-nos também."


Dhanvantari respondeu:

"Tenho muito gosto em estar com vocês, queridos discípulos, versando nas ciências. Vocês são excelentes veículos para esse conhecimento. O Ayurveda é necessário para proteger a saúde e curar as enfermidades."

Dr. Kamadev Jha.



Os Vedas



Os Vedas são as mais antigas escrituras religiosas do mundo. Inicialmente eles foram ensinados na forma oral, devido a tradição de ensinar assim na antiguidade. Eles são os escritos originais da Aryanadharma, ou civilização Aryana, que saiu da Índia nos tempos antigos e influenciou profundamente a civilização Ocidental de então. Eles foram escritos, posteriormente, na língua sânscrita. Deles é que saiu a língua indo-européia, bem como os antigos Persas (Parsis), além do Afeganistão, e a maioria das línguas da Europa (inclusive o grego e o latim). Para darmos um exemplo, o nome do Irã e Irlanda ou Eire estão etimologicamente relacionados a “Arya”. Devemos deixar claro que há uma nítida diferença entre língua e raça, e é aquela que queremos aqui enfatizar como influente. Atualmente estão sendo revistos as antigas teses da chamada “invasão ariana” na Índia, onde há fortes indícios que o contrário é o que foi feito. O fato é que estudos recentes tem comprovado que eles também são encontrados, de algum modo, na língua Dravidica (de tradição puramente oral).
Antes do desenvolvimento da era Arya, o vale do rio Hindu, que hoje é o Paquistão, abrigou uma antiga civilização, nas cidades de Mohenjodharo e Arapa. Sendo contemporâneos da civilização Suméria e Egípcia, o vale da civilização Hindu eram alfabetizados, possuíam um eficiente sistema de esgotos, bem como uma religião sofisticada com toda a cosmologia e teogonia, cujos traços podem ser encontrados no 
Hinduísmo de hoje, além de prática do Yoga, adoração ao Siva Linga. Um provável desastre natural enfraqueceu esta civilização, por mais ou menos 2.000 a.n.e, sendo que tal civilização espalhou-se para o note da Índia, sendo chamada de Aryana.Estes chamados “aryanos” falavam sânscrito, bem como possuíam esta escrita de forma muito organizada. Apesar disto, seus poemas eram recitados de forma oral e de memória, devido a esta tradição entre os estudantes e mestres desta antiga arte védica de ensinar. Nestes ensinamentos são falados os cerimoniais de sacrifício de fogo, ritos e adorações a deidades, etc. de fato, as antigas religiões do mundo, como no Irã tem início nestes ensinamentos.
Na eventualidade dos hinos terem sido escritos eles foram agrupados em quatro textos importantes: Yajurveda, Rigveda, Samaveda, Atharvaveda, sendo que esta divisão é atribuída ao Sábio Vyasa. O chamado néctar dos ensinamentos védicos está no Upanishads. O Veda original é conhecido como Rigveda, e é onde encontramos os rituais de sacrifício. Este texto foi expandido nos outros três Vedas, Sama, Yajur e Atharva. De um certo modo, o Samaveda reorganiza ou reagrupa os textos do Rigveda para os rituais dos sacerdotes. O Yajurveda trata-se de uma coleção de encantamentos nos rituais, chamados de “yajus”. Por sua vez, o Atharvaveda é uma coleção de rituais domésticos, sendo uma escrita mais recente do que as outras três anteriores.
Além do fato dos Vedas serem o aporte principal para a formação do Hinduísmo, eles são o principal em importância para os estudiosos dos dias de hoje, mesmo porque são poucos os leigos que os lêem. Portanto, a leitura de um pouco do conteúdo destes textos irá dar ao leitor o sabor da cultura védica, bem como a cultura e a religiosidade da civilização Aryanadharma.




O corpo é composto de três doshas: vatta, pitta e kapha.
Vatta é feito de ar e espaço.

Pitta, de fogo e água.

Kapha, de água e terra.
Os doshas são as três forças energéticas fundamentais que representam todos os princípios psicofisiológicos do corpo. Descobrir a composição dos doshas de cada paciente é o intuito central do diagnóstico do médico ayurvédico. É a partir disso que o tratamento será desenvolvido.


Cada pessoa possui uma proporção única dos três no corpo que é determinada na data do nascimento. A essa proporção imutável, uma espécie de DNA dóshico, dá-se o nome de prakriti. É de acordo com o prakriti que todas as características físicas, psíquicas e espirituais do indivíduo se manifestam.

Então, existem só três tipos de pessoa?

Não é tão simples. Cada indíviduo pode ter a predominância de um, dois ou até de todos os três doshas no corpo. Isso faz com que cada paciente seja tratado de uma forma única. Afinal, cada pessoa possui um prakriti exclusivo.

Além disso, de acordo com sua rotina, sua alimentação e até sua profissão, a constituição dóshica pode se distanciar do equilíbrio do prakriti e adquirir uma configuração instantânea diferente. A ela se dá o nome de vikriti. No ayurveda, a saúde só é alcançada quando o prakriti, a constituição natural, coincide com o vikriti, a configuração instantânea. É o que se chama de equilíbrio.

E como se acha essa "constituição natural"? Por meio de um longo diagnóstico que acontece em quatro etapas.

Primeiro o médico observa as caraterísticas físicas do sujeito. Depois faz minuciosos exames que avaliam, entre outras coisas, a língua e a urina. Aí vem um questionário para descobrir o perfil psicológico. E, finalmente, o peculiar exame de pulso. Enfim, a prática. Agora que já sei o meu prakriti, é só identificar as características físicas e psicológicas que me afastam da minha constituição natural e usar os tratamentos do ayurveda para restabelecer o equilíbrio do corpo. Muitos desses tratamentos têm um caráter preventivo, como a prescrição de exercícios físicos que estejam de acordo com os doshas. As pessoas que tem vata são agitadas. Elas devem fazer exercícios que levam para dentro, para acalmar vata, como ioga, dança, alongamento e caminhada. Da mesma forma, os com pitta têm fogo em excesso e precisam de jogging ou natação. E, para kapha, gente calma por natureza, o ideal são exercícios aeróbios, como corrida, musculação e artes marciais.

Outro tratamento importante é a definição de uma dieta que equilibre os doshas. Na medicina ayurvédica, os rasa (sabores) exercem papel significativo na regulação dos doshas. Comidas doces, ácidas ou salgadas equilibram vata. Os sabores adstringente, amargo e doce são bons para pitta. E alimentos amargos, adstringentes e picantes são indicados para kapha.

De acordo com o ayurveda a comida não deve ser nem muito cozida nem muito crua. E tem de ser ingerida morna, pois tudo o que é gelado apaga agni, o "fogo" digestivo. O ayurveda é contra produtos enlatados, fermentados, refinados e quaisquer restos. A comida tem de ser feita na hora, de preferência sem agrotóxico - alimentos industrializados não possuem prana (energia).

O arsenal terapêutico do ayurveda inclui ainda ioga, meditação, ervas e massagem. Na massagem ayurvédica a escolha do óleo é feita de acordo com o dosha. Para vata, usa-se óleo de gergelim. Para pitta, de coco e para kapha, de mostarda. Sempre óleo vegetal, de sementes orgânicas prensadas a frio.

Mas não há só terapias leves e agradáveis. No panchakarma, um tratamento para purificar o corpo, ocorre indução de vômitos, ingestão de purgantes, administração de enemas, inalação de fumaça e prática de sangria.

A verdade é que qualquer tentativa de entender o ayurveda com olhos ocidentais vai ser, no mínimo, incompleta. O ayurveda é o fruto de um modo de pensar cuja origem se perde no tempo e propõe um estilo de vida baseado nessa experiência acumulada. Tratar-se desse modo é um mergulho quase arqueológico numa visão bem diferente do Universo - o que não deixa de ser fascinante.


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